domingo, 17 de outubro de 2010

para viver de fato uma obra-de-arte

para viver de fato uma obra-de-arte

eu preciso que ela me suspenda.

que me tire de um estado de comodismo

e, por um instante que seja...

me deixe em estado de suspensão.

que me tire da cadeira.

me tire do meu cotidiano mesquinho.

me leve pra outros lugares

que eu nunca sequer sonhei habitar.

que me falte o fôlego.

que me falte o ar.

e que depois,

de cega e de tonta de tanto rodar

eu finalmente volte a ser.

eu.

novamente.

mas completamente diferente.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

quero uma arte...

quero uma arte que toque os corações.
que mexa as estruturas.
que desperte paixões
adormecidas, esquecidas...

quero fazer arte como a única coisa que me resta.
de forma plena, inteira, mordaz.

quero fazer arte como quem morde, como quem cutuca.

não quero cançõezinhas de ninar. não quero fazer adormecer.
pelo contrário, quero acordar... acordar o mundo pra fazer viver.

quero que a vida pulse como pulsa o coração do condenado no corredor da morte.

e que seja despida de egos, vaidades e coisas mesquinhas...

que se viva.

que se sinta.

que se seja.

simplesmente.

e intensamente.

(texto escrito/vomitado ao final de um dia em que pesquisei sobre os trabalhos artísticos maravilhosos de alexandre veras e andréa bardawil, me reuni e pensei muito sobre arte com o pessoal do ceará autoral criativo e soube da notícia-tragédia do falecimento do poeta marcelo bittencourt).

esta letra foi musicada posteriormente por jefferson portela.